Fonte: Coluna Esplanada
Em um depoimento inédito à Justiça Federal, Sebastião
Rodrigues de Moura, 77 anos, o Major Curió, revelou que matou dois prisioneiros
da Guerrilha do Araguaia no início da década de 70, durante o regime militar.
A audiência em segredo de Justiça ocorreu ontem na 1ª Vara
Federal de Brasília, sob comando da juíza Solange Salgado. Curió enviara
atestado médico para não comparecer, mas a juíza recusou e expediu mandado de
condução coercitiva e a Polícia Federal buscou Curió em casa.
Com a restrita presença de advogados e de familiares das
vítimas, o depoimento foi longo, ocorreu entre 13h30 e 23h. Só tarde da noite o
militar confessou os crimes.
O militar, que era capitão à época, mas tido como o
principal algoz da Guerrilha, confessou ter matado os guerrilheiros Antônio
Theodoro Castro, codinome Raul, e Cilon Cunha Brun, o Simão. Mandou um capataz
enterrar os corpos e indicou à juíza a localização atual. No depoimento, Curió
alegou que a dupla tentou fugir e foi abatida a tiros – na sua tese, não houve
execução.
Embora o militar esteja amparado pela anistia, as revelações
do depoimento vão nortear várias decisões da Justiça a respeito das buscas de
desaparecidos e desencadear mudanças editoriais nas obras já publicadas até
agora.
A audiência foi tensa em alguns momentos, com acareações,
bate bocas e intimidações.
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