Mal terminou o processo que analisa a admissibilidade do
golpe, travestido de impeachment, o Sr. Michel Temer, Cons pirador-Mor e futuro
presidente da República Federativa dos Bruzundangas começa a definir os quadros
do seu ministério. Na lista dos aliados e comensais do Palácio do Jaburu
aparecem nomes que atuaram com desenvoltura a serviço do golpe
parlamentar-jurídico-midiático.
Um deles é o deputado federal Mendonça Filho (ARENA III),
principal representante de uma velha e decadente oligarquia pernambucana, que
poderá vir a se tornar nada mais nada menos do que o futuro ministro da
Educação. O primogênito do falecido deputado federal Jose Mendonça (ARENA II),
foi secretário de agricultura do governador Joaquim Francisco e vice-governador
de Pernambuco na chapa encabeçada por Jarbas Vasconcelos. Não posso dizer que
seu currículo seja medíocre, ao contrário, é bastante significativo. Contudo,
creio que seu perfil político-ideológico está muito aquém do tamanho dos
problemas e desafios que a educação neste novo milênio impõem ao gestor. Pois
não basta ser político e administrador é preciso ter sensibilidade para
valorizar a multiplicidade, diversidade e complexidade dos sujeitos, espaos e
culturas, sem deixar do efetivo compromisso com a qualidade formal, crítica e
humanística dos cidadãos.
Mas o Sr. Mendonça Filho é, em certa medida, signatário das
teses conservadoras e reacionárias de figuras como Jair Bolsonaro, Silas
Malafaia e Marcos Feliciano, ou seja, de adversários radicais dos debates e das
políticas voltadas para às questões de gênero, etnia e sexualidade. É também
representante daqueles que pretendem criminalizar os docentes que fazem
interpretações críticas da história e da realidade social contemporânea, a
exemplo do que aconteceu recentemente no Estado de Alagoas.
E além de uma perspectiva conservadora, a presença de
Mendonça Filho fortalece as teses neoliberais de privatização das universidades
públicas, as quais começam sob a retórica de que cursos de extensão,
especialização ou mestrados profissionalizantes devem ser pagos para gerar
dividendos para serem reinvestidos de maneira autônoma pelos docentes. Este foi
o argumento defendido por ele na votação de uma PEC que visa tornar lei o
pagamento de certos cursos e serviços nas universidades públicas. Portanto,
através de uma falsa idéia de autonomia universitária se pavimentará o caminho
de medidas neoliberais na educação, que por sua vez atingirá em cheio a força
dos docentes, dos alunos e funcionários.
Por fim, fica difícil acreditar num ator, formado em
Administração de Empresas, cujas principais empresas da família (Suibeja,
Pecasa, vagalume, Belasa, Fribesa) faliram, além de deixarem de pagar uma
dívida gigantesca aos bancos públicos. Eis aí onde reside a Meritocracia tão
propalada por esses falsos liberais, pseudos defensores do talento e da
autonomia individuais. Mas a verdade é que tanto ele como seus pais cresceram
às custas do Estado. Estes sim, representam o patrimonialismo brasileiro! Nada
de competência nas suas trajetóriais individuais, porém, muita habilidade para
negociar em causa própria.
Torço para que isso seja apenas um pesadelo ...
Por Adilson Filho - Dr.em Sociologia e Professor da UEPB e FAFICA
Por Adilson Filho - Dr.em Sociologia e Professor da UEPB e FAFICA
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