terça-feira, 3 de maio de 2016

Mendonça Filho, o que se esperar deste futuro ministro da Educação brasileira?

 Mal terminou o processo que analisa a admissibilidade do golpe, travestido de impeachment, o Sr. Michel Temer, Cons pirador-Mor e futuro presidente da República Federativa dos Bruzundangas começa a definir os quadros do seu ministério. Na lista dos aliados e comensais do Palácio do Jaburu aparecem nomes que atuaram com desenvoltura a serviço do golpe parlamentar-jurídico-midiático.
  Um deles é o deputado federal Mendonça Filho (ARENA III), principal representante de uma velha e decadente oligarquia pernambucana, que poderá vir a se tornar nada mais nada menos do que o futuro ministro da Educação. O primogênito do falecido deputado federal Jose Mendonça (ARENA II), foi secretário de agricultura do governador Joaquim Francisco e vice-governador de Pernambuco na chapa encabeçada por Jarbas Vasconcelos. Não posso dizer que seu currículo seja medíocre, ao contrário, é bastante significativo. Contudo, creio que seu perfil político-ideológico está muito aquém do tamanho dos problemas e desafios que a educação neste novo milênio impõem ao gestor. Pois não basta ser político e administrador é preciso ter sensibilidade para valorizar a multiplicidade, diversidade e complexidade dos sujeitos, espaos e culturas, sem deixar do efetivo compromisso com a qualidade formal, crítica e humanística dos cidadãos.
  Mas o Sr. Mendonça Filho é, em certa medida, signatário das teses conservadoras e reacionárias de figuras como Jair Bolsonaro, Silas Malafaia e Marcos Feliciano, ou seja, de adversários radicais dos debates e das políticas voltadas para às questões de gênero, etnia e sexualidade. É também representante daqueles que pretendem criminalizar os docentes que fazem interpretações críticas da história e da realidade social contemporânea, a exemplo do que aconteceu recentemente no Estado de Alagoas.
  E além de uma perspectiva conservadora, a presença de Mendonça Filho fortalece as teses neoliberais de privatização das universidades públicas, as quais começam sob a retórica de que cursos de extensão, especialização ou mestrados profissionalizantes devem ser pagos para gerar dividendos para serem reinvestidos de maneira autônoma pelos docentes. Este foi o argumento defendido por ele na votação de uma PEC que visa tornar lei o pagamento de certos cursos e serviços nas universidades públicas. Portanto, através de uma falsa idéia de autonomia universitária se pavimentará o caminho de medidas neoliberais na educação, que por sua vez atingirá em cheio a força dos docentes, dos alunos e funcionários.
  Por fim, fica difícil acreditar num ator, formado em Administração de Empresas, cujas principais empresas da família (Suibeja, Pecasa, vagalume, Belasa, Fribesa) faliram, além de deixarem de pagar uma dívida gigantesca aos bancos públicos. Eis aí onde reside a Meritocracia tão propalada por esses falsos liberais, pseudos defensores do talento e da autonomia individuais. Mas a verdade é que tanto ele como seus pais cresceram às custas do Estado. Estes sim, representam o patrimonialismo brasileiro! Nada de competência nas suas trajetóriais individuais, porém, muita habilidade para negociar em causa própria.


Torço para que isso seja apenas um pesadelo ...

Por Adilson Filho - Dr.em Sociologia e Professor da UEPB e FAFICA

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