Se vivo fosse, Méhul, compositor Francês do século XVIII, completaria hoje 248 anos. Nasceu em 22 de junho de 1763, em Givet, pequena cidade francesa localizada no departamento de Ardenne. Desde cedo demonstrava um talento surpreendente no fazer musical. Os Pais o confiou aos cuidados de um profesor de orgão da cidade, do qual a única notícia que temos que era cego, e que assumia a titularidade ao orgão da Abádia de Premontrés de Givet. Pouco tempo foi suficiente para o professor esgotar seu conhecimento e de convencer seus pais a encaminhar o menino para um centro musical mais avançado, que lhe permitisse aprofundar os conhecimentos musicais. Sem perder tempo foi encaminhado para a escola recem fundada por Hansen na Abádia de Laval Dieu, há alguns quilômetros de Givet. Lá Méhul impressionou e logo assumiu a titularidade ao orgão da Abádia, outrora a cargo do seu professor. Hansen logo percebeu que o ambiente propício para o prodígio deveria ser Paris, destino de grandes compositores. Em 1778, com apenas 15 anos, desembarca na capital, recepcionado e hospedado na casa da mecena Madame Suily.
Paris fervia, se via na época um fenômeno extraordinário, o deslocamento do fazer musical do castelo para cidade, fato que fez da capital o destino de músicos e compositores de toda a Europa. Com o vertiginoso crescimento da Burguesia, surgia também sua música, autônoma, cujas caracteristicas se confundia com ela mesma. A segunda metade do século XVIII assistiu a um acentuado declínio de uma arte aristocrática, restrita a poucos, aos nobres. Os libretos da Ópera Séria (aristocrática) trazia elementos complexos extraídos da mitológia, onde personagens alegóricos faziam alusão a uma única figura, o Rei. A Ópera Cômica (burguesa) colocava em cena personagens vivos que encenavam, através da música, teatro e dança, a vida cotidiana de uma classe. Por vezes o libretos dessas óperas discutia conjunturas socias e ainda parodiava, com elementos cômicos, a boa vida da nobreza francesa.
O fazer cultural se libertou dos muros de Versalhes e ganhou as cidades, onde concertos eram organisados em praça pública e teatros. A moçonária cuidou de fundar duas associações de concertos, A Loja olímpica e o Concerto Espiritual, instituições responsáveis pela vinda a Paris de grandes nomes da música de então. Surge neste momento o advento do ingresso pago, por exemplo, instrumento encontrado pelos burgueses para organizar e democratizar o acesso a esses eventos.
Este era o ambiente que Méhul deu seus primeiros passos em Paris. Seus primeiros mentores foram Hedelman, conhecido cravista da época, e Gluck, o reformador da ópera. O último capital para a definição de que em que campo músical Méhul iria atuar. Apesar de ter composto música para instrumentos de tecla, sinfônias e outros gêneros, foi ao Teatro que dedicou sua vida. Era dono de um virtuoso censo quando o assunto era orquestração. Nesse campo deu sérias contribuições para o período subsequente, o Romantismo. Aliás é reconhecido por muitos como o primeiro romântico.
A Revolução Francesa foi para muitos compositores que viviam na França um inferno astral, uma infinidade deles resolveram deixar Paris a partir dos acontecimentos da Queda da Bastilha. Segundo Adelaide de Place, os que ficaram, ficaram por que assim quiseram. Para Méhul, o ambiente criado pela Revolução serviu de apanágio para implementar na história da música procedimentos que a marcariam de forma definitiva. Os compositores que resolveram ficar tiveram que dedicar boa parte de seu tempo a Revolução. Uma de suas primeiras resoluções foi dá a música a função de reunir a nação em torno das novas idéias. Aqui encontramos um segundo deslocamento do fazer musical, desta vez do teatro para as ruas, onde era possível reunir centenas de milhares de pessoas. Como se fazer escutar uma orquestra cujo o público ultrapassava a cifra dos 300 mil cidadãos?. O uso de instrumentos de sopro, de metais e percussão, com o efetivo multiplicado foi, talvez, a contribuição mais importante da música da Revolução Francesa para a história da música. As técnicas e procedimentos orquetrais usados por Méhul deram a música do período romântico a base para seu desenvolvimento. O expansão da orquestra, as técnicas orquestrais que tornava a sonoridade da orquestra mais dramática, o uso do tema de reminiscência que consistia num tema musical ligado a uma idéia abstrata, que se tornaria a Idéia Fixa e o Leit Motif, de Berlioz e Wagner, respectivamente, o uso indiscriminado dos metais, instrumentos de sopro e percussão, foram alguns dos procedimentos mais importantes de Méhul para a história da música. Foi, sem dúvidas, o compositor mais importante da França do final do século XVIII. Foi fiel a Revolução, a qual deu importantes constribuições. Durante o Império esteve próximo a Napoleão, sendo um dos seus favoritos.
Mas por que o esquecimento? Por que a história não o acentou em seu devido lugar? este foi o questionamento que motivou a pesquisa sobre este compositor. Dois fatos são importantes e parece responder a indagação. Os musicólogos e pesquisadores alemães e italianos foram mais atenciosos com os seus do que os franceses. O segundo é político. A contrarevolução, o movimento conhecido como Restauração, orquestrou uma campanha contra tudo aquilo que lembrasse a Revolução, e Méhul teria sido uma vítima. Só veio ser alvo de pesquisas e discussões quando do bicentenário da Revolução Francesa. Pesquisadores como Arthur Pougin, David Charlton, Elisabeth Bartle e Adelaide de Place estão na proa. Aqui no Brasil Méhul foi tema nos livros A Ópera na França de Lauro Machado Coelho e a Música da Revolução Francesa de Ennio Squef. O signatário deste Blog desenvolve uma pesquisa há cinco anos sobre o compositor givetois, aliando música e história. O fato é que Méhul precisa ser revisto pela historiografia oficial, é necessário uma idenização de caratér histórico para que o grande público tenha acesso a obra deste grande compositor. Méhul faleceu em 18 de outubro de 1817.
O fazer cultural se libertou dos muros de Versalhes e ganhou as cidades, onde concertos eram organisados em praça pública e teatros. A moçonária cuidou de fundar duas associações de concertos, A Loja olímpica e o Concerto Espiritual, instituições responsáveis pela vinda a Paris de grandes nomes da música de então. Surge neste momento o advento do ingresso pago, por exemplo, instrumento encontrado pelos burgueses para organizar e democratizar o acesso a esses eventos.
Este era o ambiente que Méhul deu seus primeiros passos em Paris. Seus primeiros mentores foram Hedelman, conhecido cravista da época, e Gluck, o reformador da ópera. O último capital para a definição de que em que campo músical Méhul iria atuar. Apesar de ter composto música para instrumentos de tecla, sinfônias e outros gêneros, foi ao Teatro que dedicou sua vida. Era dono de um virtuoso censo quando o assunto era orquestração. Nesse campo deu sérias contribuições para o período subsequente, o Romantismo. Aliás é reconhecido por muitos como o primeiro romântico.
A Revolução Francesa foi para muitos compositores que viviam na França um inferno astral, uma infinidade deles resolveram deixar Paris a partir dos acontecimentos da Queda da Bastilha. Segundo Adelaide de Place, os que ficaram, ficaram por que assim quiseram. Para Méhul, o ambiente criado pela Revolução serviu de apanágio para implementar na história da música procedimentos que a marcariam de forma definitiva. Os compositores que resolveram ficar tiveram que dedicar boa parte de seu tempo a Revolução. Uma de suas primeiras resoluções foi dá a música a função de reunir a nação em torno das novas idéias. Aqui encontramos um segundo deslocamento do fazer musical, desta vez do teatro para as ruas, onde era possível reunir centenas de milhares de pessoas. Como se fazer escutar uma orquestra cujo o público ultrapassava a cifra dos 300 mil cidadãos?. O uso de instrumentos de sopro, de metais e percussão, com o efetivo multiplicado foi, talvez, a contribuição mais importante da música da Revolução Francesa para a história da música. As técnicas e procedimentos orquetrais usados por Méhul deram a música do período romântico a base para seu desenvolvimento. O expansão da orquestra, as técnicas orquestrais que tornava a sonoridade da orquestra mais dramática, o uso do tema de reminiscência que consistia num tema musical ligado a uma idéia abstrata, que se tornaria a Idéia Fixa e o Leit Motif, de Berlioz e Wagner, respectivamente, o uso indiscriminado dos metais, instrumentos de sopro e percussão, foram alguns dos procedimentos mais importantes de Méhul para a história da música. Foi, sem dúvidas, o compositor mais importante da França do final do século XVIII. Foi fiel a Revolução, a qual deu importantes constribuições. Durante o Império esteve próximo a Napoleão, sendo um dos seus favoritos.
Mas por que o esquecimento? Por que a história não o acentou em seu devido lugar? este foi o questionamento que motivou a pesquisa sobre este compositor. Dois fatos são importantes e parece responder a indagação. Os musicólogos e pesquisadores alemães e italianos foram mais atenciosos com os seus do que os franceses. O segundo é político. A contrarevolução, o movimento conhecido como Restauração, orquestrou uma campanha contra tudo aquilo que lembrasse a Revolução, e Méhul teria sido uma vítima. Só veio ser alvo de pesquisas e discussões quando do bicentenário da Revolução Francesa. Pesquisadores como Arthur Pougin, David Charlton, Elisabeth Bartle e Adelaide de Place estão na proa. Aqui no Brasil Méhul foi tema nos livros A Ópera na França de Lauro Machado Coelho e a Música da Revolução Francesa de Ennio Squef. O signatário deste Blog desenvolve uma pesquisa há cinco anos sobre o compositor givetois, aliando música e história. O fato é que Méhul precisa ser revisto pela historiografia oficial, é necessário uma idenização de caratér histórico para que o grande público tenha acesso a obra deste grande compositor. Méhul faleceu em 18 de outubro de 1817.
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