sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O Requiem de Mozart surpreendeu o público pessoense na noite deste quinta feira

  Ontem, quinta feira, 21:00 Hs, a Orquestra Sinfônica da Paraíba realizou mais um concerto, aqueles das quintas musicais, tão comum que uma divulgação não faria falta, visto o assíduo público que freqüentam oprojeto. Uma programação diversificada, onde se cruzavam compositores brasileiros, alemães e austríacos. Na primeira parte do concerto a Abertura Festival Acadêmico, Op. 80 de Brahms, seguida do Concertino para Trombone e Orquestra do Paraíbano José Siqueira, com o Professor Sandorval Moreno como solista.
   A primeira parte sem surpresas. Sandorval, como sempre, dono de uma execução exemplar. Talvez a única observação tenha sido a presença do Maestro Carlos Anísio na direção da orquestra.
  Após José Siqueira o intervalo. A impressão que tive era que aquele concerto seria mais um. Não era. Luis Carlos Vasconcelos, ator paraibano, sem ser apresentado, começou uma chamada! Eram nomes de grande artistas, políticos e personalidades do mundo cultural paraibano, já falecidos. O público calou e escutou: Radegundis Feitosa, Sivuca, Burity, Paulo Pontes, Pedro Santos, etc. À medida que cada nome era pronunciado, um músico entrava em cena.
    O Requiem de Mozart, previsto para segunda parte, começara antes mesmo das primeiras notas serem executadas. Quando o Maestro Carlos Anísio abaixa as mãos, a orquestra articula uma melodia dolente, dolorosa, que toma todo o teatro. Ali percebemos a perda, algo ou alguém acabara de nos deixar. Essa sensação, ao longo da obra, foi substituída por um sentimento de resignação. A fidelidade da orquestra à linguagem mozartiana, aliada a uma impecável performance dos solistas e do coro, aos poucos nos fez perceber que ali estávamos celebrando a continuidade, a eternidade. O clima fúnebre vai aos poucos despertando a esperança, o devir.
     Digno de nota é a atuação do Maestro. Firme, Carlos Anísio conduziu a orquestra, o Coro e os solistas de forma exemplar, arrancando desse conjunto uma sonoridade clássica, no entanto romântica e dramática. O Coro Villa Lobos foi formidável. Alias é sem dúvida um dos Coros mais importantes do Nordeste, cujo talento e a experiência são marcas indeléveis. Quanto aos Solistas, permitam-me destacar a atuação da Soprano Izadora Franca e do Contratenor Kleiton D’Araújo, perfeitos, jovens com potencial extraordinário.
     O Requiem é a última composição do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart. Talvez sua obra mais profunda, mais introspectiva. Nela Mozart sente todas suas dores e aflições, e parece prever o golpe certeiro da morte. Não terminou a obra em vida, o fim ficou a cargo de seu amigo e aluno Frans Xaver.
     Mitos rondam a motivação de Mozart em compor o Requiem. Uns dizem que foi uma encomenda de um misterioso homem, que jamais retornou. Outros que o compositor compôs o seu próprio Requiem. Mitos a parte, é uma grande página. Clássica mas romântica, contida, porém dramática, expressiva, onde todos os afetos humanos são mimetizados. 
   Programações como essa precisam  ser recorrente. A Paraíba oficial precisa respeitar e se orgulhar dos seus artistas. Hoje eles provaram sua competência, a Paraíba real reconheceu. Precisamos sair dos debates puramente eleitoreiros e promover uma política cultural sem mácula, divisão e demagogia.
    
                 
                

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