sábado, 21 de dezembro de 2013

50 anos e várias histórias: Vou-me embora pra Tacaimbó

     O município de Tacaimbó comemorou nesta sexta-feira, 20 de dezembro, 50 anos de sua emancipação política. Uma data bonita, fechada, jubileu de ouro. De parabéns estão os homens e mulheres de bem, trabalhadores e trabalhadoras, Josés e Marias, que ao longo desses anos construíram uma cidade cuja característica é a generosidade e a boa vontade de seus cidadãos.
    Manoel Bandeira e Jessier Quirino têm em comum um poema de adoração a um lugar, físico e temporal, onde a vida parece ter sentido. Víram o passado pelos olhos do presente e resolveram retornar, ato possível, somente, através do lirismo poético. 
      Bandeira foi à Pasárgada, lá era amigo do rei. É outra civilização, tem um processo seguro, telefone automático, até a mulher que quiser. Já o destino de Jessier é abstrato e imaginável. Ele voltou para o passado, porque lá é bom demais. "Os homens lá do passado só andam tudo tinindo, de linho diagonal, camisas Lunfor, sapato Clark de Cromo, ou Passo-Doble esportivo, ou Fox do Bico Fino, de camisas Volta ao Mundo, canetas Shafers no bolso, ou Parker 51, só cheirando a Áqua Velva, a Sabonete Gessy, ou Lifeboy,  Eucalol, e junto com o espelhinho, pente Pantera ou Flamengo, e uma trunfinha no quengo cintilante como o sol”.
      Nem pra Pasárgada, nem pra o passado aleatório. Eu queria mesmo ir pra Tacaimbó das várzeas virgens rasgadas pelo Ipojuca, que na sua limpidez testemunhou brincadeiras infantis e confissões de mulheres lavadeiras. Vou-me embora pra Tacaimbó do Cais Iluminado, reduto de casais apaixonados e reuniões de amigos. Da Estação Ferroviária, de onde partiam e chegavam, sorriam e choravam. Vou-me embora pra Tacaimbó, assisitir filmes e roubar beijos no Cine-Teatro Progresso. Passear e namorar na praça da Igreja, comprar doces em Seu Geraldo. Vou-me embora pra Tacaimbó, rever o Maestro Budião e a Filarmônica Santo Antônio nas procissões de fim de tarde do dia de Santo Antônio, ser acordado pelos dobrados e fogos de artifício nas alvoradas de seu aniversário. Arrematar uma galinha no leilão em frente a Igreja, dançar uma ciranda após a missa, me confessar com Padre Pedro. Vou-me embora pra Tacaimbó de Nonato, Antônio Guedes e das lutas no campo, da Teologia da Enxada. Dançar frevo no carnaval, sair no Bloco das Fofoqueiras, desfilar na Burra de Gel, puxar o Bacalhau na Vara. Vou-me embora pra Tacaimbó do passado, brincar no Parque São Geraldo, nas canoas de Zé Muriçoca, tomar uma cerveja com Mané Galego lá no bar de Beringué. Quero ver o apagar das luzez no fim do ano. Vou-me embora pra Tacaimbó, dos sonhos.
   





2 comentários:

  1. Vivi minha adolescencia nessa época! Grandes lembrancas que afloram o meu imaginário, lembrando do Bar de Dôro, Serraria de Chiquinho, Sebastião Rufino do Posto de Saúde, Padaria de Carlos Leite, herança do Sr. Zezé Leite, do Bar Mocambo que um dia a minha mãe foi proprietária e tantos outros personagens que ficarão em nossas mentes... Saudade que o tempo não apagará. ..

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  2. Boa noite Wellington, parabéns pelo o blog. sou de Tacaimbó e mim sinto feliz em saber que tem alguém ai que se importa em esta divulgando as noticias da cidade e vc. mim faz recordar muitos momentos bons "vou embora pra Tacaimbó" passei minha infância e adolescência nesta cidade. Abraço.
    sou Enoque fui lider comunitário por muitos anos na igreja.

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