segunda-feira, 25 de abril de 2016

16ª Feira do verde de Brejo da Madre de Deus

Colunista: Adauto Guedes Neto é Mestre em História e Professor da AEB Belo Jardim/PE




  No final de semana passado (22 e 23 de abril de 2016), Brejo da Madre de Deus vivenciou a sua 16ª Feira do Verde. Momento propício para refletirmos sobre muitas questões que envolvem a preservação do meio ambiente, a luta dos trabalhadores rurais em defesa de uma alimentação mais saudável e livre de agrotóxicos, bem como a necessidade cada vez mais constante do discurso voltado para o desenvolvimento sustentável, através das ações promovidas por diferentes segmentos sociais brejenses, sendo a mencionada feira uma dessas ações.
 O evento é uma realização do Conselho de Desenvolvimento Sustentável de Brejo da Madre de Deus - CONDESB, que tem a coordenação da canadense mais brasileira que conheço, Beth Szylassi e que teve como um dos principais idealizadores o saudoso Padre Pedro Aguiar.
  O discurso ecológico na região agreste pernambucana passa a predominar a partir das atuações de segmentos da Igreja Católica com as CEBs em meados da década de 1980. Sua atuação voltada para as questões ambientais contribui paralelamente para de certa maneira promover mais autonomia política e econômica dos agricultores. E neste sentido, surge a Associação de Produtores Orgânicos de Brejo da Madre de Deus – Terra Fértil, que além de organizar promove espaços de vendas.
   A referida Associação surge em meio ao crescimento dos discursos que valoriza a política do desenvolvimento sustentável, ou seja, um desenvolvimento que possa gerar renda, mas sem agredir o meio ambiente. São os produtos orgânicos que darão a renda necessária para que os agricultores possam desvincular-se de qualquer forma de dependência política, e ainda dentro de uma lógica ambiental politicamente correta. Desta prática surgirá a venda de tais produtos orgânicos em Brejo da Madre de Deus e Caruaru, e depois a semana de promoção agrícola sustentável como a Feira do Verde que ocorre todos os anos em Brejo, sempre na última semana de Abril.
  É uma grande festa, dedicada a um mundo melhor, mais saudável, com menos agrotóxico. Tal atividade é uma demonstração prática de resistência que surge a partir da organização de trabalhadores do campo.      
   São tais práticas que contribuem para o desenvolvimento de uma produção agrícola alternativa e que se estabelece como prática de resistência em meio a atitudes de opressão contra o produtor rural e técnicas de produção que além de agredir o meio ambiente empobrecem o solo.                                
   Em meio a participação de grupos e entidades civis organizadas, como o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Brejo da Madre de Deus, o CONDESB, FETAPE, apoio da Prefeitura Municipal e do Governo Federal, dentre outros, o ponto negativo ficou pela ausência do Governo Estadual, que não apoiou o evento, numa demonstração clara que das duas, uma, ou não temos um estadista nos governando, pois com a negativa demonstra que não desceu do palanque das últimas eleições, ou a política de desenvolvimento sustentável não interessa ao mesmo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário